Galaxy Note 20: acabamento plástico parece ser o menor dos seus vários problemas

A Samsung anunciou o Galaxy Note 20 na semana passada dentro da expectativa trazida pelos rumores: tela plana com resolução Full HD, conjunto de câmera semelhante ao S20, bem como o hardware. E o acabamento plástico, como foi adiantado algumas semanas antes.
Não há praticamente evolução comparado ao Galaxy S20, mas foram dados alguns passos para trás, como o acabamento da traseira e a tela com resolução menor e sem opção de aumentar a frequência. Daí o preço de US$ 1.000, que muito provavelmente vai virar algo consideravelmente acima dos R$ 5.000 aqui no Brasil, realmente assusta.
Nos próximos parágrafos, o Canaltech olha para o que se sabe até agora sobre o Galaxy Note 20 para tentar entender, junto com você, o motivo desse valor elevado.
Acabamento plástico é o menor dos problemas

Galaxy Note 20 tem acabamento em polímero de vidro (Imagem: Divulgação/Samsung)
Uma das características que mais se tem falado para reclamar do preço do Note 20 é o acabamento plástico, mas esse é o menor dos problemas do aparelho, uma vez que o “glasstic”, como a Samsung chama e que podemos traduzir como “vidrástico”, tem uma aparência muito mais elegante que o plástico normalmente utilizado em celulares baratos.
Trata-se de um polímero reforçado com fibra de vidro (PRFV) composto pela aglomeração de filamentos de vidro muito finos, menos rígidos e mais flexíveis que o vidro em si. Este “vidrástico”, ou polímero de vidro, é mais resistente e não estilhaça ao cair no chão, por exemplo, além de permitir o uso do carregamento por indução que o metal — alternativa a vidro e plástico — impede por causar interferência.
Se você pegar um Galaxy A30 para a frente, contando aí o A31, A50, A51 e por aí vai, consegue notar como o polímero de vidro é elegante a olho nu. Só dá para notar que é plástico ao tocar no aparelho, e mesmo assim é possível perceber que não se trata de um plástico qualquer.
Em resumo, o material é mais barato e resistente que o vidro, quase tão elegante quanto, e não impede que uma tecnologia como a recarga sem fio seja implementada. Considerando que este recurso se tornou comum entre os topo de linha atuais, dá para entender a escolha do polímero de vidro em detrimento de outros materiais.
Lembrando ainda que a Motorola fez a mesma troca de material na família Moto G na oitava geração para cortar custos.
Galaxy Note 20 Lite, é você?

O Galaxy Note 20 só traz downgrades de novidades quando comparamos com o Galaxy S20, lançado com o mesmo preço lá fora no início do ano. A memória RAM da versão de US$ 999 caiu de 12 GB para 8 GB e, apesar de o armazenamento interno ter aumento de 128 GB para 256 GB, não há espaço para cartão micro SD.
Além disso, a tela é maior, com 0,5 polegada a mais, mas fica limitada à resolução Full HD e à frequência de 60 Hz, além de utilizar um painel Super AMOLED Plus, em vez do AMOLED Dinâmico. As laterais curvas ainda foram abandonadas pela primeira vez em um topo de linha da Samsung desde o Galaxy S6, dando lugar a um display plano, que torna as dimensões do dispositivo consideravelmente maiores.
Podemos dizer que o Note 20 já é a sua própria versão Lite. O acabamento plástico e vários outros cortes também foram feitos nas versões mais acessíveis da família S10 e Note 10, no final do ano passado. Apesar disso, o conjunto de câmeras ainda promete bastante, e a S Pen traz as mesmas novidades do modelo Ultra, apesar de não serem muita coisa.
Ao se pesar na balança, no entanto, o Galaxy S20 parece uma opção mais interessante que o novo aparelho. Ou até o S10+, que ainda tem um sensor ToF de “extra” no conjunto de câmeras, além de trazer mais bateria e tela do mesmo tamanho do Note 20, mas com laterais curvas e tecnologia mais avançada — o AMOLED Dinâmico.
Corte no custo de produção, preço comercial de flagship

Os próprios irmãos da família Galaxy S20 são suficientes para demonstrar como o Note 20 não consegue entregar a proposta de uma versão mais barata da família que traz a S Pen de diferencial. Se o diferencial que se procura é a caneta, pode ser mais interessante investir no Galaxy Note 10 ou no Note 10 Plus, em vez de torrar no modelo deste ano, que teve pouca evolução mesmo levando em conta o hardware teoricamente melhor e o conjunto de câmeras mais avançado.
Todos os outros flagships da própria Samsung desde o ano passado parecem entregar mais que o Note 20 básico e estão mais baratos depois de seis meses, um ano ou um ano e meio desde o lançamento. Se não por hardware ou conjunto de câmeras, pelo menos o acabamento mais refinado, o display com tecnologia mais avançada e, na maioria dos casos, mais bateria, também.
Ou seja, o acabamento plástico é apenas o menor dos vários problemas que o Note 20 apresenta. Ao que parece, ao menos antes de unidades começarem a chegar para um review propriamente dito, trata-se de um modelo perdido em meio a várias opções oferecidas pela própria Samsung, que talvez devesse ter apostado apenas no Note 20 Ultra.
Ficamos no aguardo para ver qual exatamente será o modelo do Note 20 que vem para o Brasil, ou seja, quanta memória e se vai ter compatibilidade com o 5G DSS que as operadoras nacionais estão implementando por aqui. Olhando agora, de longe, não parece muito atraente investir no Note 20 tendo como opções S10 Plus, Note10 e Note 10 Plus ou S20 e S20 Plus.
Quais suas impressões do Note 20 básico até o momento? Parece algo que vale US$ 1 mil? Deixa a sua visão sobre o assunto nos comentários.
Via: Canaltech